Cabo de Santa Marta 360º há 10 anos atrás!
admin | 23 de abril de 2008A ansiedade de chegar ao Cabo de Santa Marta tinha dois motivos: primeiro porque depois de 700 km de caminhada, com exceção de Torres e do Morro dos Conventos, seria a primeira vez que mudaríamos de ecossistema, ou seja, sairíamos das praias retilíneas, típicas do litoral gaúcho e iríamos entrar nos castões rochosos de Santa Catarina. O outro motivo é que o Cabo de Santa Marta seria o primeiro “paraíso ecológico” na direção sul – norte. De fato nosso amigo Pablo, de Porto Alegre, nos falou muito de como era o Cabo, da descoberta da pacata vila de pescadores na década de 70, no auge do movimento hippie. Foi na casinha de Pablo, construída sobre as rochas a poucos metros de onde arrebentam as ondas que nos hospedamos. Nosso anfitrião foi o Tato, pescador aposentado que agora vivia tomando conta das casas do pessoal de fora. Tranqüilo, este descendente de açorianos nos falou dos tempos áureos em que sair de barco era a certeza de voltar para casa com muito peixe. Hoje, como em várias partes do litoral brasileiro, o peixe é escasso e mal dá para o consumo da família do pescador. As casas são todas construídas nos morros e lá do alto, no topo, um fato intrigante, dunas imensas onde aparecem sambaquis, resquícios de conchas e objetos deixados por antigos habitantes indígenas ao longo dos séculos. Do alto temos uma vista de 360° mas quem predomina mesmo lá embaixo é o imenso farol, construído por franceses em 1890 com pedra, areia e óleo de baleia. Na parte norte é possível descer as duna em direção à praia, porém a umidade provocada por uma nascente faz com que o local se torne um verdadeiro atoleiro de areia movediça. As pernas vão afundando na areia molhada até a altura dos joelhos. Os desavisados costumam entrar em pânico no início, mas depois vão se acostumando. No fim de semana o Pablo chegou e nos fez conhecer um “esporte” que só quem vive ali na beira das ondas pode apreciar. Esperávamos o mar recuar e então pulávamos das pedras na areia e daí na água furando as ondas que iam depois estourar nas rochas. Quando a maré recuava outra vez saíamos correndo da água pela areia até atingirmos novamente as rochas. Às vezes as ondas nos pegavam e tínhamos de ficar ali agarrados feito ostras humanas. Programão!
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